Por uma cultura do acolhimento

O papa Francisco já se pronunciou inúmeras vezes sobre a questão do aborto e a dignidade da vida humana desde a sua concepção. Recorto, aqui, alguns trechos importantes da Exortação Apostólica Amoris Laetitia,  que podem nos ajudar a discernir melhor e mais profundamente sobre o sentido de se defender o valor da vida e a dignidade de todas as pessoas, desde o ventre materno. Desejo que também nos ajudem a viver e promover uma ética do acolhimento, do cuidado e do amor para com todos, sem distinção. Boa leitura!

“É tão grande o valor de uma vida humana e inalienável o direito à vida do bebê inocente que cresce no ventre de sua mãe, que de modo nenhum se pode afirmar como um direito sobre o próprio corpo a possibilidade de tomar decisões sobre esta vida que é fim em si mesma e nunca poderá ser objeto de domínio de outro ser humano.” (AL 83)

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Namoro: tempo de conhecer, discernir e escolher

Quando começamos a namorar, pensava que seria por um tempo breve, que não passaria de uns poucos meses e, então, terminaríamos. Mas, mesmo assim, achei que poderia valer a pena viver aquela experiência, afinal o rapaz era inteligente, educado, gentil, músico, trabalhador… e tão bonito! Considerei que poderíamos crescer um com o outro e que seria um tempo de aprendizagens para ambos. No entanto, realmente não vislumbrava que teria futuro um namoro com alguém que se dizia “agnóstico”. (Aliás, aceitar namorar com ele já era uma grande concessão, porque logo ao início da nossa aproximação, quando o Estevão me contou que era agnóstico, eu imediatamente o enquadrei na categoria “amigos”, e justifiquei em tom de brincadeira: tenho amigos de todos os tipos!). Até então, para eu namorar, considerava imprescindível que fosse alguém disposto a cultivar a espiritualidade e a vivência da fé. Ainda mais, após ter namorado um cristão católico por 2 anos e ter vivido experiências importantíssimas de comunhão e crescimento espiritual com ele (e também com sua família e seus amigos). Sobre este outro namoro falarei mais adiante.

Estávamos nas primeiras semanas de namoro e o Estevão, sabendo da minha vivência religiosa, mandou essa: “Para casar na Igreja Católica tem fazer um curso, né? Mesmo sendo agnóstico, quero te dizer que eu faço, tá?”… Fiquei um pouco constrangida com aquela declaração, que não era mero “xaveco”, mas revelava uma intenção e uma abertura, até mesmo maior que a minha. É claro que ele não imaginava todo o sentido do Sacramento do Matrimônio (vulgo “casamento na Igreja”), e percebo hoje, honestamente, que nem mesmo eu tinha a dimensão exata e a consciência plena do seu significado. Mas, aos poucos, a gente foi se identificando nos valores fundamentais e em um mesmo propósito de vida. Fui percebendo nele muitas virtudes e um desejo sincero da verdade, do bem, do amor. E, conforme crescia a confiança mútua, fomos encarando o desafio de nos manifestar um ao outro, em um verdadeiro caminho de conhecimento de si e do outro (que se aprofunda até hoje). Desse modo, transcorreram muitos meses de namoro (28, até o casamento), num constante exercício de abertura e acolhimento, aprendizado e crescimento, escuta e desvelamento, encontro e discernimento.

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“Grávida outra vez??” As perguntas mais frequentes sobre a minha maternidade

Para além dos comentários, que sempre ouvimos, sobre nossa escolha de ter tantos filhos quanto pudermos (por exemplo: “Nossa! Que coragem!”, “Vocês levam mesmo a sério a Bíblia, hein!”, “Que loucura! Ter tantos filhos nos dias de hoje…” etc), existem várias perguntas que as pessoas me fazem sobre a minha maternidade, algumas mais, outras menos discretas. Resolvi escrever aqui algumas delas e compartilhar minhas respostas com quem possa se interessar:

1. São todos seus? / São todos irmãos? / “É tudo” do mesmo pai?

Sim! Sim! Sim! Na verdade, não somente meus… são nossos! São o grande DOM do nosso matrimônio. São frutos do nosso amor! Geramos juntos, no Amor, e criamos juntos, graças a Deus! Compartilhamos a vida, as responsabilidades, o cuidado, a educação e a alegria por tê-los em nossas vidas. O amor compartilhado se multiplica! E essa é a alegria do amor: transbordar para além de si e gerar vida e fraternidade!

2. Foram todos planejados? / Vocês queriam tantos filhos? / Seu marido também queria?

Nós escolhemos estar abertos à vida e acolher quantos filhos Deus quiser nos confiar. Aliás, prometemos isso publicamente, no altar. Antes de casar, tínhamos 4 nomes já escolhidos. Depois, escolhemos mais dois, e depois outro ainda. E eles foram vindo! E foi sempre uma grande alegria para nós, mesmo em meio ao cansaço e às preocupações, cada gestação e cada nascimento foi celebrado, na certeza da Vontade de Deus se realizando em nossa família. O nosso planejamento não é o número ou o espaçamento entre os filhos, mas a abertura e o acolhimento deles. Quando eu estava grávida do primeiro, sempre dizia – em tom de brincadeira, mas com grande desejo – que aquele era “o primeiro de uma multidão de irmãos”! E parece que esse era também o desejo de Deus.

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Casamento Real (o nosso)

Em janeiro deste ano, comemoramos 10 anos de casados. Com alegria e gratidão, reunimos amigos e familiares queridos, em uma singela Eucaristia (Ação de Graças!), naquela mesma igreja paulistana, onde celebramos nosso compromisso de amor total e definitivo, em 12 de janeiro de 2008. Nossos 5 filhos ficaram muito contentes por conhecerem aquele lugar tão especial para nós dois, e por participarem dessa festa de aniversário da fundação da nossa família. Como dizia o nosso convite de casamento: “nos escolhemos… porque o Amor nos escolheu!” E seguimos experimentando a força desse Sacramento, renovando a nossa decisão e nos escolhendo a cada novo dia, confiando no Amor de Deus e amparados por Ele.

Por graça de Deus, nosso matrimônio experimenta uma grande fecundidade. Não somente biológica, mas também espiritual e afetiva, sendo um acontecimento importante também para a vida de quem acompanha a nossa história. Há 10 anos, estava ali um noivo ex-agnóstico que, pela primeira vez, fazia sua comunhão eucarística (graças à uma profunda experiência do Amor misericordioso de Deus, vivenciada 4 meses antes). Estava ali uma noiva que, por alguns anos, havia pensado em ser freira (por desejo de ofertar a vida, mas também por medo do casamento, devido a uma história familiar complicada), que agora dizia SIM à sua vocação, com coragem e confiança na Misericórdia de Deus. Estávamos os dois, cercados por centenas de amigos e familiares, experimentando gotas de Céu na terra. Foi tudo infinitamente mais bonito do que poderíamos sonhar… graças ao Amor providente de Deus, que se manifesta sempre, através de cada pessoa que Lhe abre espaço. Continue lendo “Casamento Real (o nosso)”

Maternidade Real

Nunca tive uma ideia muito romântica acerca da maternidade. Desde pequena, como tantas meninas, eu sonhava em ser mãe, mas intuía que a maternidade tinha sabor de sacrifício. O amor da minha mãe por mim, certamente, era uma inspiração: amor intenso e forte, na fragilidade da condição humana de uma mulher sem marido, e que, corajosamente, abriu mão da carreira profissional para se entregar à experiência da maternidade, amando a sua filha com todas as forças da sua existência. Ela conta que o sonho da vida dela era esse: ter alguém para amar sem medidas. Ao cuidar de mim e me educar, ela também crescia e se humanizava, até se tornar uma gigante na arte do sacrifício da vida cotidiana.

No meio desse caminho, ela encontrou um grande amor, aliás, encontrou o próprio Amor, e se descobriu amada incondicionalmente por Ele. Isso mudou tudo. Deu um novo sentido à sua história e à sua maternidade. A fez entender que o amor materno é um grande DOM que brota da fonte do Amor, aquele Amor que é fonte de todo amor verdadeiro. Ela entendeu que o amor nos é possível porque Ele nos amou primeiro. E passou a me educar nessa experiência de fé e confiança no Amor, que nos amou até às últimas consequências. Certa vez, ela me confessou que, embora me amasse tanto, o amor dela era limitado e imperfeito – como todo amor humano – e que só Deus me amava em plenitude. Eu, que era ainda criança, fiquei um tanto chocada com esse anúncio. Mas foi, sem dúvida, um anúncio libertador, uma boa nova que ainda hoje me ajuda a ordenar a vida.

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Amoris Laetitia

A expressão em latim “Amoris Laetitia” significa, em português, a Alegria do Amor e foi o nome que o Papa Francisco escolheu para a sua Exortação Apostólica. Além disso, é a fonte de inspiração deste blog.

Os assuntos que aqui são postados tem relação direta ou indireta com ela — a exortação do Papa Francisco — e, por isso, deixo aqui este link para que você possa conhecer, na fonte, as palavras inspiradoras do Papa.

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