Para além dos comentários, que sempre ouvimos, sobre nossa escolha de ter tantos filhos quanto pudermos (por exemplo: “Nossa! Que coragem!”, “Vocês levam mesmo a sério a Bíblia, hein!”, “Que loucura! Ter tantos filhos nos dias de hoje…” etc), existem várias perguntas que as pessoas me fazem sobre a minha maternidade, algumas mais, outras menos discretas. Resolvi escrever aqui algumas delas e compartilhar minhas respostas com quem possa se interessar:

1. São todos seus? / São todos irmãos? / “É tudo” do mesmo pai?

Sim! Sim! Sim! Na verdade, não somente meus… são nossos! São o grande DOM do nosso matrimônio. São frutos do nosso amor! Geramos juntos, no Amor, e criamos juntos, graças a Deus! Compartilhamos a vida, as responsabilidades, o cuidado, a educação e a alegria por tê-los em nossas vidas. O amor compartilhado se multiplica! E essa é a alegria do amor: transbordar para além de si e gerar vida e fraternidade!

2. Foram todos planejados? / Vocês queriam tantos filhos? / Seu marido também queria?

Nós escolhemos estar abertos à vida e acolher quantos filhos Deus quiser nos confiar. Aliás, prometemos isso publicamente, no altar. Antes de casar, tínhamos 4 nomes já escolhidos. Depois, escolhemos mais dois, e depois outro ainda. E eles foram vindo! E foi sempre uma grande alegria para nós, mesmo em meio ao cansaço e às preocupações, cada gestação e cada nascimento foi celebrado, na certeza da Vontade de Deus se realizando em nossa família. O nosso planejamento não é o número ou o espaçamento entre os filhos, mas a abertura e o acolhimento deles. Quando eu estava grávida do primeiro, sempre dizia – em tom de brincadeira, mas com grande desejo – que aquele era “o primeiro de uma multidão de irmãos”! E parece que esse era também o desejo de Deus.

3. E aí, “ligou”? (as trompas) / Agora parou, né? / Você não usa/não conhece anticoncepcional não? / Vocês não evitam?

(Oi?!?!?) É impressionante (e até um pouco assustador) a quantidade de vezes que ouvi essas perguntas… de pessoas próximas ou distantes, e mesmo de desconhecidos. Principalmente, após o nascimento da nossa menina, que é a quarta e veio depois de três meninos. Mas, as primeiras vezes que me perguntaram, tínhamos apenas dois filhos! Por sinal, foi a primeira pergunta que ouvi de uma colega de trabalho ao retornar da segunda licença maternidade: “E aí, ligou?” Demorei um pouco para entender do que se tratava a pergunta… e quando compreendi, fiquei perplexa. Esse tipo de pergunta revela uma cultura e uma mentalidade que vê o filho e a fertilidade como um mal a ser combatido, e não como dom a ser acolhido. Infelizmente, já ouvi essas perguntas até mesmo de pessoas consagradas ao serviço de Deus (e da humanidade). Lamentável! Por inúmeras razões, de diversas ordens, eu não uso anticoncepcional. E todo o discernimento em relação à necessidade (ou não) de espaçar uma possível gestação é realizado mês a mês, por nós dois, que assumimos JUNTOS a responsabilidade por nossas decisões e ações, buscando sempre a realização da vontade de Deus em nossa família.

4. “Foi tudo” parto natural?

Não. Bem ao contrário… Foram todos nascidos por cesárea, infelizmente. Essa é uma dor com a qual aprendi a conviver. Acredito que o parto natural seja a melhor escolha para o bebê e para a mãe. Desejei muito viver essa experiência, e esperei muito por ela. Nosso primeiro filho nasceu com 42 semanas completas, porque tínhamos esperança de que seria possível o parto natural, mas não foi. Ele estava em sofrimento real e corria grande risco de morrer. Foi necessária uma cesárea de urgência. Graças a Deus e à equipe médica, o menino se recuperou bem do seu Apgar 5. A minha médica (que é defensora e amante do PN) me recomendou que eu esperasse 2 anos para o próximo parto, que então poderia ser natural. Mas dali 1 ano e 2 meses, estava nascendo nosso segundo filho, por outra cesárea. E com outros espaços bem curtos vieram o terceiro e a quarta. Somente para o quinto, demos um espaço maior (3 anos). Mas, em tudo damos graças! Cremos e confiamos na Providência Divina, que cuida de nós e nos conduz. Penso que tenha sido melhor assim, pois tenho problema circulatório grave. E, graças a Deus, segundo a minha médica, o meu útero está ótimo! Podemos engravidar novamente e, parto a parto, o útero vai sendo avaliado. Se um dia tivermos recomendação de não mais engravidar, queremos muito adotar algumas crianças, se assim for da vontade de Deus.

5. Tem algum gêmeo?

“Ainda não! Mas, quem sabe na próxima?” É o que eu sempre respondo, espontaneamente. Afinal, eu sempre achei que teria alguma gravidez gemelar, como algumas mulheres da minha família… (sempre vou cheia de expectativa para a primeira ultra, ansiosa por saber quantos filhos trago no ventre! =)

6. Então vocês ainda querem mais??? / Quantos filhos vocês querem ter?

Se eu disser que não quero mais filhos, estarei mentindo. Meu marido também se anima com a ideia de aumentar a família. Queremos ter tantos filhos quanto pudermos amar e educar, sejam naturais e/ou adotivos. Os nossos filhos também gostariam de ter mais irmãos… (eles sempre perguntam se já estou grávida, quando vai nascer a Teresa e a Cecília, e se podemos adotar muitas crianças =) Mas sabemos que isso não depende somente do nosso querer. Depende da vontade de Deus e da Sua graça. Entendemos que cada filho é um grande dom, e como tal, queremos acolhê-lo com gratidão, seja natural ou adotivo. A cada tempo, vamos discernindo e nos abrindo a essa escuta. Por isso, não temos uma meta, ou melhor, deixamos “a meta aberta”.

7. Seu marido é rico, professora? Como vocês conseguem sustentar tantos filhos?

Não, querido aluno, meu marido não é rico. Ele é generoso, criativo, inteligente, trabalhador e aberto à graça de Deus. É professor, assim como eu, e músico. Não somos de família rica, e não temos sequer casa própria. Pagamos um aluguel que leva quase metade da nossa renda familiar e com a outra metade pagamos as outras contas da vida. De fato, não é fácil viver numa cidade grande e cara como o Rio de Janeiro, mas confiamos em Deus e o necessário não nos falta! Pelo contrário, através das pessoas, Deus cuida de nós e sempre providencia mais do que precisamos. Por outro lado, nós optamos por uma vida simples e consciente. Não temos sobra de dinheiro, mas também não temos dívidas. Decidimos viver do essencial, buscando primeiro o que importa, o resto, se for para o bem, vem por acréscimo. Cremos que, “a cada dia, basta o seu cuidado” (Mt 6,34). E é assim que queremos educar nossos filhos: conscientes daquilo que é essencial (e daquilo que não é), a cada dia. Sabendo discernir bem a realidade e a necessidade, cultivando a liberdade em relação ao que é passageiro, priorizando o que tem mais valor e não passa.

8. Vocês vão formar um time de futebol?

Apesar das crianças aqui gostarem muito de futebol, sempre digo que estamos formando uma “banda”, porque não tem número fixo e sempre cabe mais um! Além disso, por influência do pai, nossos meninos têm bastante aproximação com a música. Alguns já tocam algum instrumento e todos cantam afinadinhos. Tem domingo que o Estevão toca na Missa, acompanhado de nossos filhos, o que é uma experiência linda de viver.

9. Você tem babá? / Quem te ajuda??

Nunca tivemos babá. Atualmente, temos ajudante para as coisas da casa três vezes por semana (isso varia a cada época e depende de muitos fatores, já foi mais e já foi menos). Meu marido e eu nos revezamos e nos ajudamos mutuamente nos cuidados e responsabilidades com nossa família. Contamos também com o apoio de familiares e amigos sempre que necessário. Estamos buscando ser pais em rede, aprendendo a pedir e oferecer ajuda aos demais. Não é possível manter a sanidade mental sem a experiência da solidariedade que gera comunidade.

10. Eles brigam? / Não dá muito trabalho? / Você não fica muito cansada?

Sim! Sim! Sim! Eles brigam e dá muito trabalho e eu fico muito cansada (muito mesmo!)… e o Estevão também. Mas vale a pena! Na verdade, eles brincam mais do que brigam e se reconciliam sempre que brigam, num constante exercício de fraternidade. Aprendem a perdoar e pedir perdão. É lindo de (vi)ver! Dá muuito trabalho, mas dá muuuuito mais alegria! Educar é um trabalho árduo, mas gratificante demais. É trabalho “artesanal” e cotidiano. Eu fico exausta muitas vezes, mas é um cansaço cheio de sentido e realização. Me acompanha a certeza de que o amor vale todo o sacrifício da vida.

11. Você trabalha (fora)?

Não mais, graças a Deus! Mas demorei demais para tomar essa decisão. Impressionante como é difícil abrir mão daquilo que a sociedade define como única atividade de valor da pessoa. Há um ano, pedi demissão da última escola que trabalhei, para me dedicar de modo mais pleno à maternidade, sem a sensação constante de estar dividida, e em dívida com todos. Durante os primeiros anos da minha maternidade, eu era também professora de centenas de alunos, em duas escolas. Meu tempo em casa era dividido entre as demandas da família e as dos colégios. Não dava tempo de saborear a vida. Às vezes, não dava tempo nem de pentear o cabelo ou olhar no espelho… Quando nasceu o segundo, pedi redução de carga horária, mas no ano seguinte, já estava novamente com ela completa, em uma série nova. Foi quando engravidei do terceiro. Tinha a sensação constante de que ia enlouquecer, mesmo assim, não tive coragem de desapegar da vida profissional. Quando nasceu o terceiro, foi ainda mais difícil levar as duas missões, fazia “das tripas, coração”, e o coração não tinha paz. O cansaço era alucinante. Foi quando engravidei pela quarta vez, e fui tomada de inexplicável alegria. Agora tinha certeza: não ia dar para continuar naquele ritmo frenético de trabalho. Era a hora de sair. Aceitar e assumir isso foi libertador! E, juntamente com a notícia da nova gravidez, comuniquei que seria meu último ano naquele Colégio, que eu amava muito, mas que consumia a minha vida, principalmente pela horas de trabalho em casa (com elaboração de apostilas e avaliações, e correção das mesmas). Me arrependo muito de não ter pedido demissão logo ao nascimento do primeiro filho. Ainda continuei trabalhando em outra escola menor, poucas horas na semana, e quase nada de trabalho em casa. Mesmo assim, com a chegada do quinto, veio a decisão de não mais trabalhar fora para poder me dedicar com mais tranquilidade à família e outros projetos pessoais, aos quais me sinto chamada.

12. Sobra tempo pra você? Vocês conseguem descansar?

Depende do que se quer dizer com isso. Certa vez, quando a Maria (que é a quarta) era bebê e o mais velho ainda tinha 4 anos, uma amiga me perguntou quando será que eu conseguiria descansar… No auge da minha exaustão, respondi de prontidão: no céu! E rimos alto. Nessa época, eu brincava que os sonhos da minha vida eram uma boa noite de sono e um banho demorado (risos). Percebo que nessa cultura individualista, hedonista e egolátrica, soa como loucura (e até escândalo!) a decisão de não viver para si mesmo, mas dar a vida pelo bem dos outros. É certo que o descanso é necessário para a vida humana, até mesmo para que a nossa oferta de amor seja sustentável a longo prazo. Mas é certo também que “o amor não procura o próprio interesse”. De fato, há muitos anos eu não vou a um salão de beleza e não faço uma caminhada na Lagoa ou na praia sozinha. Há bastante tempo também não vemos um filme de adulto no cinema. Também não faço atividade física regular desde que eu estava grávida pela primeira vez. Aliás, desde a primeira gestação, eu sempre estou grávida ou amamentando, como me “definiu” um amigo. Mas há um ano faço terapia individual semanal. É uma questão de escolha. Tempo é questão de prioridade. Se estou no meio de uma crise de hérnia de disco (tenho 3!), priorizo a fisioterapia e algum repouso. Se estou precisando rezar mais, dou meu jeito (até retiro de 8 dias eu consegui fazer uma vez, quando faltava um mês para nascer o José Pedro, que é o terceiro). Nesses quase 9 anos do primogênito, nunca tivemos um tempo com tardes ou manhãs “livres” dos filhos, com todos na escola, por exemplo (os três menores não vão à escola). Estamos sempre nos revezando, como em provas olímpicas. Às vezes, quando nossos horários de compromissos extra-casa coincidem, pedimos ajuda aos amigos e familiares, que são nossa “rede de apoio”, por exemplo para fazermos terapia de casal. Há quase 9 anos não dormimos uma noite inteira, sem interrupções. Mas nos acostumamos com isso, e sabemos que cada fase tem suas dores e suas alegrias. Na verdade, nós até conseguimos descansar sempre que escolhemos parar e dormir logo que as crianças dormem, quando respeitamos nosso corpo e nossa mente. Quando priorizamos o essencial e não nos deixamos distrair tanto, encontramos uma “justa medida” para não enlouquecer. A questão é eleger prioridades para cada tempo e buscar formas de realizá-las.

13. Como você “dá conta”?

Essa é a pergunta que mais me faz pensar e sempre me questiona. Será que eu dou conta? O que é dar conta? Dar conta de quê? Em relação às tarefas do cotidiano, lembro-me sempre de algo que ouvi certa vez: “precisamos escolher nossas batalhas”… Acho que é bem isso! Precisamos pedir a ajuda do Espírito Santo para eleger as prioridades a cada dia, a cada semana, a cada tempo. Perceber as possibilidades e aproveitar as oportunidades que aparecem para que possamos “dar conta” daquilo que julgamos importante/necessário. Numa cidade grande, cara e violenta como o Rio de Janeiro, realmente não é fácil sobreviver. Ainda mais com uma família grande. É necessário contar com uma rede de apoio/criar essa rede, criar condições de sobrevivência, ter a humildade de reconhecer os próprios limites e saber pedir ajuda. Quando eu era mais centralizadora, sofria mais. Conforme fui deixando mais espaço aos outros, especialmente ao marido, a vida foi ficando mais leve e possível. Ainda estou vivendo esse processo. Ou melhor, estamos! Graças a Deus, eu não estou sozinha. Nos primeiros anos da minha maternidade, eu achava que tinha que dar conta de tudo, controlar tudo, superar todos os meus limites. Resultado: quase enlouqueci! Através de um retiro de 8 dias dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio, Deus salvou a minha vida e restabeleceu a minha saúde mental, física, emocional e espiritual. Descobri que a raiz das minhas angústias era querer assumir um papel que não era meu. Devolvi a Deus o lugar dEle em minha vida, em minha família, e voltei a confiar nEle como filha (tinha esquecido até do básico!). Durante o retiro, pude renovar aquela experiência grandiosa do Amor incondicional de Deus por mim, que marcou a minha história aos 15 anos. Experimentei o mesmo Amor, mas agora de modo atualizado na minha vida de esposa e mãe. E a vida foi sendo reordenada, a partir dessa relação fundamental com o Amor-fonte, que nutre e sustenta todas as outras relações da vida. Se me distraio dEle, vou sendo engolida pelo mar de cobranças e angústias… Então busco levantar os olhos para Aquele que “me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20), o qual me diz: “basta-te a minha graça!” (2Cor 12,9). E, quando confio na graça de Deus, tudo se faz novo.

14. Grávida de novo?? Vocês não vão parar de ter filhos? Não têm TV em casa, não?

Estranho como algo tão bom, bonito e natural foi se tornando incomum e até incômodo. Muitas vezes me senti julgada por estar grávida mais uma vez… Na família, no trabalho, na faculdade, no mercado, na rua e (até) na igreja, me vi sendo forçada a explicar o óbvio: o amor é fecundo e a fecundidade é algo bom; o ato sexual também tem a finalidade procriativa (além da unitiva); nós somos jovens (e saudáveis) e não temos motivos para nos fechar ao DOM dos filhos, que são nosso tesouro, nossa herança, nossa alegria. Eles são um grande bem para o nosso matrimônio! Por quê deveríamos nos fechar? Todas as vezes que o teste de gravidez deu resultado positivo, fui inundada de alegria e gratidão! E, apesar dos inúmeros incômodos próprios de uma gestação, sempre a felicidade da geração foi maior que os desconfortos. Sinto que “nasci pra isso”, e estou realizando a minha vocação. Sei que chegará um tempo em que não nos será mais possível gerar um filho, então aceitaremos essa realidade com resignação e gratidão pelos filhos que Ele nos concedeu. Em relação à TV, temos em casa sim, mas ela não exerce influência em nosso projeto de vida (não temos canais há quase 3 anos!). No entanto, muitas vezes nos vemos envolvidos pelas “tecnologias da distração”, que tanto tem atrapalhado a vida das pessoas e das famílias, infelizmente. Buscamos vigiar para que o smartphone não nos afaste um do outro, nem de nossos filhos.

15. Sua casa é grande? Você consegue manter a casa organizada?

Nossa casa não é tão grande como gostaríamos, mas também não é tão pequena. Digo que é suficiente para nossa família e também para acolher tantos amigos e familiares que nos visitam. São 3 quartos e 2 banheiros. Em um dos quartos, dormem as 4 crianças, em dois beliches. O bebê dorme em nosso quarto, o que facilita muito a minha vida de lactante (Miguel ainda mama na madrugada). O outro quarto é “multifuncional”: lá ficam os jogos, brinquedos, TV, livros, CDs, DVDs, papelaria e outras tralhas. Esse é também o quarto de hóspedes (quando são poucos… porque quando são muitos, se espalham por toda a casa). No fundo, não nos importa tanto o tamanho da casa, mas que tenha portas abertas para acolher quem quiser ou precisar chegar. Quanto à organização… a gente ainda vai chegar lá! A organização não é o nosso forte, mas mantemos a esperança de ter a casa um pouco mais organizada a cada dia. Isso nem sempre acontece, mas não desanimamos! Recorremos à graça de Deus e seguimos, vivendo um dia de cada vez. Temos, sem dúvida, uma certa organização/ordem (sem a qual seria impossível viver nesse mundo), mas estamos bem longe do ideal apresentado pelos programas de TV ou pelos especialistas.
Considero a “ordem” uma virtude importante, mas não essencial (se fosse, certamente constaria nas bem-aventuranças!), e isso me ajuda a não perder a paz do coração em meio à bagunça da casa.
Graça a Deus, temos alguns bons amigos que são bem mais avançados neste aspecto e, vez por outra, nos oferecem sua preciosa ajuda. E assim vamos experimentando que a vida se constrói a muitas mãos. A casa e o coração se alargam e se alegram.

16. Que carro vocês têm para caber todo mundo?

Desde a vinda da Maria, que é a nossa quarta filha, temos um carro com 7 lugares. Ou seja, estamos no limite! Quando tivermos o próximo filho, teremos que trocar de carro… Poderá ser uma Kombi ou, quem sabe, uma Van =).

17. Você não acha que já tem muita gente no mundo, não? / Como vocês têm coragem de ter filhos com o mundo do jeito que está?

Acho que o mundo tem bastante gente sim, mas isso, em si, não é o grande problema, e sim a forma de se viver. Provavelmente, mesmo com 5 filhos, nós vivemos com menos e consumimos menos do que muitas famílias menos numerosas. A maioria das pessoas, infelizmente, vive com a consciência “anestesiada”, refém de uma cultura individualista, egoísta, hedonista, consumista e irresponsável, na qual tudo é “descartável”… (até mesmo as pessoas!). Portanto, não é a quantidade de pessoas que prejudica o mundo, mas a qualidade das relações que as pessoas estabelecem entre si e com o mundo. Acho que faltam pessoas que tenham coragem de viver de um novo modo, mais consciente, responsável, justo e fraterno. Faltam pessoas que assumam sua missão de “colaboradores de Deus”, no cuidado da nossa casa comum. Faltam pessoas que prefiram ter menos e “ser mais para os demais”. Faltam pessoas que queiram correr o risco do amor e da fé, transformando a esperança em realidade. Faltam pessoas que trabalhem pelo bem comum e encontrem novos caminhos/novas soluções para os problemas da humanidade. Faltam pessoas que busquem primeiro o Reino de Deus e a Sua justiça. Faltam pessoas dispostas a abrir mão do supérfluo para todos tenham o necessário. Faltam pessoas que vivam o amor solidário com radicalidade. E nós queremos educar nossos filhos para que saibam viver assim, buscando discernir a vontade de Deus e realizando-a, assumindo sua vocação e responsabilidade para com a renovação do mundo. Queremos formá-los também para a solidariedade e a transformação social, para a justiça e a promoção da paz. Com a ajuda de Deus, queremos despertar neles o desejo de serem instrumentos do Amor no mundo, para que todos tenham vida. E então, certamente, o mundo será melhor!

18. E quando vem o próximo?

Fico muito feliz que essa pergunta venha sendo cada vez mais frequente… Talvez porque as pessoas estejam conseguindo aceitar melhor a nossa escolha de abertura ao DOM, sem julgá-la como absurda. E a nossa resposta é bem simples e direta: vem quando Deus quiser!